Stoa 40 / Neurodesign: uma nomenclatura sem necessidade
Essa edição não é um post explicativo, mas uma crítica a um termo desnecessário para a nossa área de atuação.
Ao longo dos anos já vi muitas terminologias nascerem e morrerem na área de Design. Sou da época do web designer, que já era uma evolução do termo webmaster. Depois apareceu o termo Arquitetura da Informação e Design de Interação, que depois acabou se tornando UX Design e hoje o termo da vez é Product Design.
Todos os anos alguma terminologia nova aparece e contribui para o que Nielsen chamou de UX Vocabulary Inflation, que impacta não somente como nossa área é vista pelo mercado mas também como ela é entendida pelas pessoas. As empresas criam vagas sem saber o que realmente querem, profissionais se vendem de uma forma que não condiz com sua atual experiência e no fim ninguém entende mais nada mas finge que entende alguma coisa.
E o termo que atualmente vem me dando uma coceirinha lá no fundo da minha mente é o tal do “Neurodesign”. Sua definição é a seguinte:
Essencialmente, o neurodesign envolve aproveitar os insights da neurociência para criar designs que se alinhem com a forma como o cérebro humano processa as informações. É uma abordagem estratégica que reconhece a intrincada interação entre os elementos de design e as funções cognitivas dos usuários.1
Com a popularização da neurociência e as pesquisas sobre comportamento humano ficando mais acessíveis e despertando a atenção do mercado, algumas áreas começaram a introduzir esses insights em suas práticas, levando ao surgimento de termos como neuromarketing, neuroarquitetura, e muitos outros neuro-alguma-coisa.
Essa mistura de conhecimentos é extremamente benéfica e capaz de gerar bons resultados, mas até que ponto precisamos de uma nova nomenclatura para descrever o ato de usar conhecimento de uma outra área — nesse caso a neurociência — na nossa profissão de design?
Não dou muito tempo para que comece a aparecer pessoas se intitulando Neurodesigners que não possuem nem título de neurocientista nem de designer. Com conhecimento raso nas duas áreas, mas que com um pinguinho de marketing e falta de bom senso vão acabar vendendo a ideia de algo sensacional mas que na verdade estão apenas colocando batom em porco.
Como designers, é fundamental nos aprofundarmos em conhecimentos de muitas áreas para melhorar nossa atuação porque é exatamente isso que se espera de um bom designer. Podemos nos tornar especialistas em psicologia, filosofia, neurociência, medicina, finanças, agro e qualquer outra área na qual fomos contratados para atuar sem ser um contribuidor da inflação de nomenclaturas.
Simple is better.
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O que rolou por aqui
Tive que vir para o Brasil por motivos pessoais e aproveitei para rever o pessoal da Stoika. Tenha amigos talentosos e que te fazem crescer como pessoa!
Falando em Stoika, na época do estúdio, nós nunca tivemos dívidas e nossa meta era sempre ter um caixa que fosse capaz de enfrentar qualquer adversidade. Nem todo negócio pensa dessa forma, e esse é o tema desse artigo aqui. Algumas empresas não conseguem sobreviver por contraírem mais dívidas do que caixa. E quando situações inexperadas acontecem, a falência é um destino quase certo.
O livro “Fundamentos da Visualização de Dados” publicado pela O’Reilly foi disponibilizado gratuitamente no formato digital.
https://builtin.com/articles/neurodesign